Alma Viva
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Categoria hospedeira: Programação
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in Ciclo do mês
DIA 13 | IPDJ | 21h30
ALMA VIVA
Cristèle Alves Meira, FR/PT/BE, 2022, 86', M/14
sinopse, ficha técnica e trailer: aqui
A história foi completamente inspirada em histórias poderosas e misteriosas que ouvi ao pé da lareira. Essas histórias são quase como a memória arcaica de Portugal, a matriz da nossa cultura e eu queria voltar a essas tradições e contar essas histórias no cinema, para estar nessa transmissão de cultura. Cristèle Alves Meira, Lusa
notas críticas
[...] o filme tem em tudo – das personagens às situações e aos conflitos, passando pelos ambientes e pela coexistência da modernidade e da superstição – uma veracidade e um sentido de enraizamento raros no cinema português. Eurico de Barros, Timeout
O fantástico entra no filme de forma naturalista. Em momento algum Alma Viva é um filme que nos prega sustos. O sobrenatural apodera-se lenta e organicamente do contexto porque, na realidade, faz parte dele. Esta é uma história de bruxas, possessões, espíritos e pactos com o diabo que integra o imaginário da aldeia, a sua própria realidade, fundada em lendas. Aqui não há concessões a interpretações dúbias: no filme de Cristèle os espíritos existem.
Este naturalismo em contexto inesperado consegue-se, em boa parte, graças à relação da própria realizadora com aquele espaço e contexto. Aquela é a aldeia da sua mãe, onde ia passar férias no verão, como muitos emigrantes, e a casa principal da ação é mesmo a casa da sua avó (devoluta, reaproveitada para o filme). Manuel Halpern, Visão
“Alma Viva”, o candidato português ao Oscar de Melhor Filme Internacional, foi rodado em Trás-os-Montes entre o misticismo e a memória afetiva. É um passo muito firme da cineasta franco-lusa Cristèle Alves Meira. Francisco Ferreira, Expresso
Alma Viva é a primeira longametragem de Cristèle Alves Meira, realizadora nascida em França mascom raízes em Trás-os-Montes. Foi em Trás-os-Montes, na aldeia onde nasceram a sua mãe e a suaavó, que rodou o filme, história de um luto com contornos quase burlescos (há uma avó que morre eo velório estende-se indefinidamente, porque é preciso esperar pela chegada dos membros de umafamília espalhada por várias partes do mundo), história de uma ligação sobrenatural entre o espírito,a “alma viva”, da defunta e o espírito da sua neta pequena.
Com estes elementos narrativos, Alma Viva constitui-se numa pequena saga de ficção antropológica, condensando ou inventandomitologias pagãs e um imaginário transmontano da bruxaria, sempre em articulação com um fundoreal e realista. E num exercício de ficção sociológica, através do mais palpável retrato de uma comu-nidade marcada pela emigração e pelos pequenos choques culturais, mas também ressentimentos,entre os que foram viver para fora e os que nunca sairam da aldeia.
É uma estreia notável de uma realizadora formada no teatro, num filme alimentado por ecos autobi-ográficos e por uma obsessão muito pessoal pelos temas da morte e do luto, tão mais virados doavesso quanto possível: “Rir do que faz chorar” como uma farsa mórbida e buñueliana, encontraruma forma de filmar a morte (ou apenas um cadáver) “sem ser glauco ou obsceno”. Luís Miguel Oliveira, Público
entrevista
Alma Viva, de Cristèle Alves Meira: "Não podia ser outro filme para começar". Teresa Dias Mendes, TSF
leituras
“Alma Viva”: quem calça sapatos de defunto encarna o morto. Ricardo Vieira Lisboa, À Pala de Walsh