MEGALOPOLIS
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Categoria hospedeira: Programação
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in Ciclo do mês
19 DEZ | IPDJ | 21H30
MEGALOPOLIS
Francis Ford Coppola, US, 2024, 138', M/14
sinopse, ficha técnica e trailer: aqui
notas críticas
Visionário, louco, desmedido, inovador, futurista, megalómano, muitos têm sido os adjectivos para descrever o projecto de uma vida de um dos maiores cineastas contemporâneos. À semelhança de muitos dos seus filmes anteriores, como “Apocalypse Now” ou “One From the Heart”, incompreendidos à data da estreia mas hoje considerados obras-primas, MEGALOPOLIS é o seu filme mais ambicioso de sempre e o seu filme mais polémico até hoje, provocando as mais antagónicas reacções, da obra-prima mais visionária à absoluta rejeição.
Metáfora dos tempos modernos, com um elenco de luxo. O acontecimento cinematográfico do ano. Um filme que não pode perder. - Midas Filmes
Megalopolis é essa brincadeira: a de alguém que, tal como uma criança, "brinca" com os formatos e as possibilidades, alheio às convenções do mundo em seu redor. Daqui a uns anos voltaremos a falar de “Megalopolis” … vai uma ‘apostinha’? - Hugo Gomes, Cinematograficamente Falando
É um filme não alinhado, grandioso, genial e inclassificável, concebido por um criador que não abdica da dimensão utópica da sua arte. (...) Nenhuma sinopse é suficiente, nem sequer adequada, para dar conta do que acontece em Megalopolis, da vertigem sensorial e intelectual que pode ser a sua descoberta num grande ecrã. - João Lopes, DN
Tem já um lugar garantido na paisagem mitológica do festival: 2024 ficará como o ano de Megalopolis!
(...) A classificação de fábula envolve, por isso, um primitivismo narrativo que Coppola assume com desarmante naturalidade, devolvendo ao cinema a possibilidade - e a perturbante liberdade - de ser um arte “naïf”. Nesta perspetiva, podemos ser tentados a olhar para Megalopolis como um descendente direto dos épicos que pontuam toda a história do cinema americano (e, em boa verdade, a própria história dos EUA), desde O Nascimento de Uma Nação (1915), de David W. Griffith, até Apocalypse Now (1979), do próprio Coppola.
Ainda assim, semelhante genealogia não bastará para dar conta da ousadia criativa de Megalopolis: há nele o gosto de desafiar a lógica figurativa e os modelos narrativos das imagens em movimento que nos coloca em ligação direta com o prazer ilusionista de Georges Méliès, o autor de Viagem à Lua (1902). - João Lopes, DN
Megalopolis pode definir-se como aquilo a que Coppola, ele mesmo, chamou de “um novo instrumento”, no seu livro O Cinema ao Vivo (Edições 70): “Por vezes, imagino o que aconteceria se existisse um instrumento musical totalmente novo, que não dependesse da respiração humana, de palhetas ou metais, do acariciar ou do dedilhar de cordas, ou da percussão em peles. Algo (...) com sons que tivessem chegado do Céu recentemente, sem notas ou antenas teremim, um instrumento absolutamente novo que ninguém sabia ainda como manusear.” Enfim, ponham-se estas palavras ao lado da frescura vertiginosa de Megalopolis, esse instrumento que incute a perplexidade do que é novo em imagens de evocação centenária. - Inês N. Lourenço, DN
É um objecto cinematográfico feito por um cineasta que atingiu a idade, o estatuto e a independência bastantes para não prestar contas a ninguém. O único mandamento que arvora imperativo é não aborrecer os espectadores e isso, tomo como testemunha todos os anjos e arcanjos das esferas celestes, jamais acontece. (...) É uma fita para, agora, já, ir ver depressa e na sala escura. (...) Não é imperioso amar, mas é imperioso conhecer. - Jorge Leitão Ramos, Expresso
Aos 85 anos, o realizador apresenta um filme com que sonhava há mais de 20. Na sua base está uma comparação entre o Império Romano e os EUA – New Rome é a cidade que o realizador nos apresenta e onde tudo acontece. Vendo as utopias tecnológicas do arquiteto Cesar Catilina (Adam Driver) e os jogos de poder de políticos e milionários (com ecos shakespearianos) de um império em estado pré-apocalíptico, necessariamente nos ocorre que Donald Trump, com a grande ajuda do bilionário sonhador Elon Musk, pode ser, em breve, o novo líder do “império” norte-americano. Utopia e distopia aproximam-se num mesmo universo paralelo. Se Musk sonha com viagens de humanos a Marte, Catilina aposta num novo, dinâmico e revolucionário material (Megalon) que mudará as vidas nas cidades para sempre. - Pedro Dias de Almeida, Visão
A Antiguidade, mas também o teatro, tornam-se uma perspectiva, um miradouro, um ponto de vantagem – de onde Coppola olha o “seu tempo”, o “seu país”, e também a sua obra, estando “Megalopolis” tão cheio de reflexos dela, dos “Padrinhos” (a personagem do patriarca Jon Voight é uma variação sobre os Corleones, Vito ou Michael) ao “Tucker” (Adam Driver, o arquitecto “e o seu sonho”, é um parente do Jeff Bridges desse filme).
De certa forma, e penso que isto tem sido amplamente notado, “Megalopolis”, ou a Megalopolis-cidade, são também sobre o sonho de Coppola. O que o dinheiro da bilheteira enterrou, que o dinheiro do vinho desenterre, com o esplendor da descoberta de uma ruína da Roma antiga: a Zoetrope. Os 120 milhões que Coppola torrou em “Megalopolis” são uma espécie de vingança contra sua própria falência. E não há melhor nem mais megalopólica vingança do reconstituir num só filme toda a Zoetrope. “Megalopolis” é a maquete em tamanho real, 1/1, do sonho de cinema e de arrogante liberdade que presidia à Zoetrope: ser todo o cinema, toda a memória, todos os “autores”. - Luís Miguel Oliveira, Disco Duro
Um gesto torrencial, irredutível, de amor ao cinema. Ficamos reduzidos ao que o primeiro espectador deve ter sentido: incompreensão, deslumbramento, incredulidade, espanto, euforia. - Jorge Mourinha, Público
Não é um filme indie mastodonte, é um gigante que expõe as suas costuras, um fóssil que tem a descoberto a sua história - podemos ler nele o Coppola experimentalista de Do Fundo do Coração, a que Megalopolis se liga através da fábula. - Vasco Câmara, Público
É de uma coragem gigantesca e, ao mesmo tempo, de uma solidão sem medida. - Francisco Ferreira, Expresso
Esmagador pela ousadia do gesto. Estou do lado dos que aplaudem Coppola e o seu magestosamente solitário filme clarão. - Inês N. Lourenço, A Grande Ilusão
Deslumbrante. Audaz. - David Ehrlich, Indiewire
O filme mais livre e mais louco de Coppola. - critikat.com
Uma verdadeira obra-prima moderna. - Damon Wise, deadline
Espectacular, encantatório, musical, intimista, cómico, grandiloquente e visualmente sempre surpreendente. De uma audácia louca. - Le Point
Constantemente surpreendente. Cheio de um século de imagens e da linguagem do cinema mundial. - Libération
Nunca vi nada assim. Foi divertido e vivo e eléctrico e tornou o mundo e as ideias tão vívidas. - Spike Jonze
Num perfil de Coppola escrito por Patrick Goldstein, George Lucas, velho amigo e colaborador do realizador, afirmou: “Para Francis não existe o conceito de falhar – ele estava convencido que iríamos conquistar o mundo. Francis não é apenas um realizador. Ele é a ópera italiana. Ele é o tipo de pessoa que teria construído o Vaticano ou, antes disso, as pirâmides. Ele prospera no caos e no tumulto. Ele está sempre a saltar de penhascos e eu sou o tipo que corre atrás dele a dizer “Não podes fazer isso!” - Los Angeles Times