MAIO 2020
Quarentena «criativa» inspira todo o Algarve com propostas online. Barlavento - 3 maio 2020
Cine-conversas promovem cineclubismo nacional. Cinema7arte - 6 maio 2020
Cine-Conversas debatem cinema pelo Whatsapp. Sul Informação - 7 maio 2020
Cineclubes tentam sobreviver entre os “abraços digitais” e as saudades da sala escura. Daniel Dias - Público - 24 maio 2020
O projector é montado à beira do passeio e as imagens iluminam-se na parede branca do outro lado. As pessoas que vivem nos blocos de apartamentos daquele perímetro abrem as janelas dos quartos e começam a espreitar. Uns confortavelmente instalados nas suas varandas, outros mais desconfiados, os rostos com um misto de espanto e curiosidade, à espera do que possa acontecer. A filha abraça a desconsolada mãe no meio de uma viagem a bordo do navio que segue em direcção à América, ao mesmo tempo que o homem engraçado com chapéu e bigode tenta, atrapalhadamente, apanhar um peixe em alto mar. São imagens de O Imigrante, curta-metragem realizada e interpretada por Charlie Chaplin em 1917, aqui mostrada numa “sessão de rua”, cortesia do Cineclube de Faro.
É o Cinema à Janela, conta Carlos Rafael Lopes, responsável pela associação: uma iniciativa agregadora, que pretende fazer valer a “velha máxima de que o cinema é um acto social e não isolado”, e que, fruto do encerramento dos espaços de exibição convencionais, começou a surgir em semanas recentes pelas ruas da capital algarvia como parte da estratégia de “reinvenção” do grupo.
Depois de suspensas as sessões em sala, há pouco mais de dois meses, o Cineclube de Faro, “como tantos outros do país”, passou por um “período de ponderação”. “Não queríamos ficar completamente congelados enquanto associação cultural e então começámos a pensar no tipo de actividades que, mesmo perante as diferentes restrições em vigor, conseguiríamos ainda assim desenvolver em interacção com o nosso público”, avança Carlos Rafael Lopes. Os colaboradores do colectivo ligados à “secção de formação”, por exemplo, recorreram ao WhatsApp para dinamizar “conversas sobre filmes” com os sócios, em que estes podiam discorrer e aprender sobre “perspectivas técnicas, filosóficas ou estilísticas” de obras que estavam inseridas na programação do mês de Abril e que, com a propagação do novo coronavírus, acabaram por não sair do arquivo. Estes debates, que têm ocorrido semanalmente a cada quarta-feira, “já aconteciam pré-pandemia”, mas ganharam uma nova dimensão neste novo cenário de distanciamento social. “De certa forma, dentro daquilo que podemos fazer, tentamos mitigar um certo isolamento que possa existir.”
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