Mulheres de Ginza
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Categoria hospedeira: 2022
Ciclo ESTREIA DE MESTRES JAPONESES DESCONHECIDOS
Sábado | IPDJ | 18H00
Dia 12 FEV
MULHERES DE GINZA, Kozaburo Yoshimura, Japão, 1955, 109’
sinopse, ficha técnica: aqui
“AS MULHERES DE GINZA”: MEMÓRIAS DE UMAS QUANTAS GUEIXAS
O filme que antecedeu num ano o derradeiro “A Rua da Vergonha”, de Kenji Mizoguchi, e cujo espírito foi transladado para os tempos porno-romanescos do estúdio Nikkatsu, como por exemplo “Noites Felinas em Shinjuku”, de Noboru Tanaka.
“As Mulheres de Ginza” é um turbilhão comunitário de um grupos de gueixas na decadência da sua profissão, todas elas cientes da extinção do seu meio vivente e esboçando planos para a sua eventual sobrevivência. Seja por apadrinhamentos, lotarias ou persuasões dos seus clientes, o realizador Kozaburo Yoshimura, com colaboração com um guião de Kanedo Shindô, enquadra a resistência destas “pseudo-tradicionais” num Japão em constante negação das suas mudanças sociais.
Existe aqui um tom de festividade fúnebre, um certo otimismo na derrota a que todas estas personagens parecem estar condenadas. Contudo, o aguçado humor é um antídoto à previsível negritude do movimento frenético deste quotidiano, onde as mulheres são independentes entre si, como o improvisado jazz que intervém ocasionalmente na trama, para que no terceiro ato se reúnam enquanto “família” em prol de uma causa.
Novamente, são encontrados aqui os contrastes entre metrópole/campo, tentando com isto sugerir um embate de classes sociais (e artísticas, com o seu quê caricatural à veia existencialista importada do Ocidente), nomeadamente um “campo” deixado ao abandono, onde uma só vaca adquire um estimável preço de subsistência.
Hugo Gomes, mag.sapo
outras leituras
Para descobrir algumas preciosidades do cinema japonês. João Lopes. Cinemax
Crisântemos tardios ou o ato de programar. Miguel Faria Ferreira. Jornal i
O cinema que nunca saiu do Japão. Rui Alves de Sousa. Comunidade, Cultura e Arte
A incandescência do cinema japonês por descobrir. Susana Bessa. Semanário Novo
Japão, na Ressaca e Renascimento do Pós-Guerra. João Garção Borges. Magazine-hd