MULHERES QUE ESPERAM
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Categoria hospedeira: Programação
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in Ciclo do mês
IPDJ | 21H30
DIA 6 FEV
MULHERES QUE ESPERAM
Ingmar Bergman, SE, 1952, 107’, M/12
sinopse, ficha técnica: aqui
notas críticas
Que segredos escondem AS MULHERES QUE ESPERAM? Um dos inéditos de Bergman a estrearem-se em Portugal é «um belo exemplo do modo como o cineasta sueco retratou as singularidades do feminino (20 anos antes de LÁGRIMAS E SUSPIROS, vale a pena recordar) - João Lopes
Em MULHERES QUE ESPERAM está a síntese graciosa do protagonismo delas: à volta de uma mesa de chá e costura contam-se histórias a meio caminho entre o desejo da carne, a imperfeição do amor e a comédia conjugal.
No seu deslumbrante movimento vamos sentindo uma estrutura musical que equilibra a angústia com a ironia. O cineasta que já então experimentara o barroquismo do autorretrato em A PRISÃO (1949) fechava assim, com chave de ouro, a antecâmara de uma obra plena de desassossego existencial. - Inês N. Lourenço
É uma observação de comportamentos, tiques e mentalidades de classe – Bergman mencionou que a inspiração lhe veio de coisas ouvidas à sua primeira mulher, Gun Hagberg, que antes fora casada com um homem de uma família proeminente da mais fina-flor da sociedade sueca.
Mas dentro dessa observação cabem muitas coisas, sempre na perspectiva feminina que é a das protagonistas (fabuloso ensemble, Eva Dahlbeck, Anita Björk, Maj-Britt Nilsson, a que se juntam os homens, também criaturas sumamente bergmanianas como Gunnar Björnstrand ou Birger Malmsten), que não se prendem apenas com a exploração da grande ferida (o “vale de lágrimas”, como se dizia em A SEDE) entre homens e mulheres, tocam uma intimidade, também sexual, dada com uma mistura de franqueza e simbologia propriamente freudiana.
Bergman já estava em pleno domínio do grande plano, e esses embates com a “antecâmara da alma” que é o rosto humano abundam e são sempre poderosíssimos, misteriosos. - Luís Miguel Oliveira
notas do realizador
Nenhuma outra arte – nem a pintura nem a poesia – conseguem comunicar a qualidade específica dos sonhos tão bem quanto o cinema. Quando as luzes se apagam numa sala de cinema e aquele ponto de luz branca se abre para nós, o nosso olhar pára, instala-se e torna-se bastante estável. Sentamo-nos apenas ali, deixando que as imagens fluam sobre nós. A nossa vontade cessa. Perdemos a capacidade de resolver as coisas e de colocá-las nos seus devidos lugares. Somos arrastados para uma sequência de eventos – somos participantes de um sonho. E criar sonhos… aí está um trabalho sumarento. - Ingmar Bergman