OS ESPÍRITOS DE INISHERIN
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Categoria hospedeira: Programação
CLAUSTRO MUSEU MUNICIPAL DE FARO | 21H30
DIA 24 JULHO (segunda-feira)
GARRANO, David Doutel e Vasco Sá, PT/LT, 2022, 14’
OS ESPÍRITOS DE INISHERIN
(The Banshees of Inisherin)
Martin McDonagh, IE/UK, 2022, 114’, M/14
sinopse e trailer: aqui
NOTA DE INTENÇÃO DOS REALIZADORES
GARRANO
“Uma raça de cavalo, pequeno mas resistente.
Um indivíduo enganador, falacioso, fraudulento e traiçoeiro.”
O projecto Garrano surge da vontade e urgência que sentimos em reflectir sobre um problema concreto que nos persegue em Portugal há algumas décadas: os incêndios.
Debruçamo-nos sobre este assunto de um ponto de vista que pretende afastar-se do registo noticioso e dramático de quem sofre com eles. Ao invés, procuramos explorar o lado mais escondido: os momentos que antecedem o incêndio em si.
A evidência de origem criminosa em grande parte dos incêndios levou-nos a ganhar interesse pela caracterização psicológica de quem comete o crime. Percebemos que existe um perfil estabelecido, sendo normalmente indivíduos do sexo masculino, solteiros e com profissões de subsistência.
O filme tem como base as paisagens montanhosas do norte de Portugal, local onde ainda é possível encontrar o cavalo Garrano. Durante o processo de escrita do filme, ganhamos um interesse muito particular pela história deste equídeo – cavalo selvagem que convive com as pessoas há séculos, que aceitou o seu papel de “cavalo de trabalho” – curto, mas resistente. Actualmente, o Garrano encontra-se sobre ameaça de extinção. Como a sua utilidade se tornou desnecessária para o homem, ele voltou a ser um cavalo selvagem, agora incapaz de se defender dos lobos, os seus naturais predadores. Como disse um pastor local: “É curioso perceber como a existência pode depender da utilidade”.
Partimos então desta realidade objectiva para a construção de uma narrativa ficcional mas tangente à realidade. Propomos, com o filme Garrano, uma reflexão sobre a relação do desequilíbrio social, do isolamento e da necessidade básica, com o fenómeno dos incêndios provocados intencionalmente.
O fogo surge no filme desprovido de cariz malicioso, de obsessão ou de fascínio pelo mesmo. Surge sim como uma transgressão deliberada e consciente, como único meio para alcançar um fim.
Os Espíritos de Inisherin
Escrita e realizada por Martin McDonagh, esta comédia negra sobre a amizade e a arte teve a sua estreia no Festival de Cinema de Veneza, onde Farrell recebeu o Prémio Volpi Cup de melhor actor e McDonagh o Golden Osella para melhor realizador. “Os Espíritos de Inisherin” foi nomeado para oito Globos de Ouro – arrecadando três: melhor actor (novamente Farrell), melhor argumento e filme musical ou comédia –, e contou também com nove nomeações para os Critics' Choice Awards, dez para os BAFTA Awards (vencendo em três categorias Melhor Filme Britânico, Melhor Argumento Original, Melhor Atriz Secundária - Kerry Condon, Melhor Ator Secundário - Barry Keoghan) e outras nove para os Óscares .
“Os Espíritos de Inisherin”: dois amigos em guerra, uma agreste ilha irlandesa e uma pérola rara de filme.
Eurico de Barros, Observador ★ ★ ★ ★
Há que dar mérito a McDonagh pela forma sublime como montou um enredo tão complexo mas que, ao mesmo tempo, chega a conclusões alegórica tão simples mas tão imponentes. É incrível como consegue criar uma metáfora tão poderosa entre a Guerra Civil Irlandesa e a relação entre Pádraic e Colm, mas também como pinta um retrato narrativo tão poderoso sobre as vivências de uma pequena aldeia ou as consequências subliminares da depressão.
"The Banshees of Inisherin" tem várias camadas e, no final, revela-se um filme poderosíssimo que não deixará de surpreender.
João Pinto, Portal-cinema ★ ★ ★ ★
Entradas:
Entrada Livre - sócios com as quotas regularizadas
4€ - Estudantes e sócios com as quotas anteriores a 2022 em atraso
5€ - Não sócios
